domingo, 28 de fevereiro de 2010
Um ponto dentro de TI!
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
De mãos dadas... Um pequeno tributo a todos os Madeirenses
Hands by Jewel
If I could tell the world just one thing
It would be that we're all OK
And not to worry 'cause worry is wasteful
And useless in times like these
I won't be made useless
I won't be idle with despair
I will gather myself around my faith
For light does the darkness most fear
My hands are small, I know
But they're not yours, they are my own
But they're not yours, they are my own
And I am never broken
Poverty stole your golden shoes
It didn't steal your laughter
And heartache came to visit me
But I knew it wasn't ever after
We'll fight, not out of spite
For someone must stand up for what's right
'Cause where there's a man who has no voice
There ours shall go singing
My hands are small I know
But they're not yours, they are my own
But they're not yours, they are my own
I am never broken
In the end only kindness matters
In the end only kindness matters
I will get down on my knees, and I will pray
I will get down on my knees, and I will pray
I will get down on my knees, and I will pray
My hands are small I know
But they're not yours, they are my own
But they're not yours, they are my own
And I am never broken
My hands are small I know
But they're not yours, they are my own
But they're not yours, they are my own
And I am never broken
We are never broken
We are God's eyes
God's hands
God's mind
We are God's eyes
God's hands
God's heart
We are God's eyes
God's hands
God's eyes
We are God's hands
We are God's hands
Tradução:
Mãos
Se eu pudesse dizer ao mundo uma só coisa,
Isso seria: Estamos todos bem!
E também que não se preocupem, porque isso é um desperdício
E inútil em alturas como esta!
Não me vou tornar inútil
Não vou perder tempo com o desespero
Vou agarrar-me à minha fé
Porque a luz faz temer a escuridão.
As minhas mãos são pequenas, eu sei
Mas não são tuas, são minhas
Mas não são tuas, são minhas
E eu nunca fico desfeita
Pois no final, só a bondade importa
Pois no final, só a bondade importa
A pobreza roubou os teus sapatos de ouro
Mas não roubou o teu sorriso
E a dor veio visitar-me
Mas eu sei que não é para sempre
Nós vamos lutar, mas sem rancor
Porque alguém tem de lutar pelo que é certo
Porque onde há um homem sem voz
A nossa deve erguer-se num cântico
As minhas mãos são pequenas, eu sei
Mas não são tuas, são minhas
Mas não são tuas, são minhas
E eu nunca fico desfeita
Pois no final, só a bondade importa
Pois no final, só a bondade importa
Vou ficar de joelhos, e rezar
Vou ficar de joelhos, e rezar
Vou ficar de joelhos, e rezar
As minhas mãos são pequenas, eu sei
Mas não são tuas, são minhas
Mas não são tuas, são minhas
E nunca fico defeita
As minhas mãos são pequenas, eu sei
Mas não são tuas, são minhas
Mas não são tuas, são minhas
E nunca fico desfeita
Nós nunca ficaremos desfeitos
Nós somos os olhos de Deus,
As mãos de Deus,
A mente de Deus.
Nós somos os olhos de Deus,
As mãos de Deus,
O coração de Deus.
Nós somos os olhos de Deus,
As mãos de Deus,
Os olhos de Deus.
Nós somos as mãos de Deus!
Nós somos as mãos de Deus!
UM ABRAÇO FRATERNO
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Il faut savoir...
Il faut savoir encore sourire
Quand le meilleur s'est retiré
Et qu'il ne reste que le pire
Dans une vie bête à pleurer
Il faut savoir, coûte que coûte,
Garder toute sa dignité
Et, malgré ce qu'il nous en coûte,
S'en aller sans se retourner
Face au destin, qui nous désarme,
Et devant le bonher perdu,
Il faut savoir cacher ses larmes
Mais moi, mon coeur, je n'ai pas su
Il faut savoir quitter la table
Lorsque l'amour est desservi
Sans s'accrocher, l'air pitoyable,
Mais partir sans faire de bruit
Il faut savoir cacher sa peine
Sous le masque de tous les jours
Et retenir les cris de haine
Qui sont les derniers mots d'amour
Il faut savoir rester de glace
Et taire un coeur qui meurt déja
Il faut savoir garder la face
Mais moi je t'aime trop
Mais moi je ne peux pas
Il faut savoir
Mais moi je ne sais pas
C.Aznavour
A Felicidade: Seremos donos dela ou ela de nós?
Gostaria de conseguir definir o termo felicidade ou, de muito simplesmente, descrever estados de plena felicidade...
Mas é justamente nestes momentos que as palavras se viram contra mim e de nada me valem! Por vezes julgo que as utilizo com excessiva facilidade ou com uma pretensa eloquência, e por isso, elas gastam-se e então nada mais há para dizer.
Um dia alguém me perguntou: "Porque te agarras às palavras? Elas nada significam! São meras palavras", Já eu, talvez por ser de "Letras", não consigo aceitar este facto. Para mim as palavras possuem exactamente o significado que lhes atribuímos! É evidente que muitos de nós gostaríamos de apagar determinadas palavras depois de as termos proferido, mas como diz aquela frase tão conhecida: "Quatro coisas não voltam atrás: a pedra atirada, a palavra dita, a ocasião perdida e o tempo passado!"
Estou para aqui a falar apenas de palavras, mas é evidente que os actos também contam, e esses, muitas das vezes, conseguem gritar mais alto do que as palavras.
Por vezes, aqui sentada, crio a ilusão de que vou preenchendo os meus dias, como preencho de palavras estes espaços em branco. Muitas vezes desejava que as minhas palavras fossem ouvidas/lidas como gritos silenciosos que o meu ser emana em cada poro.
E neste momento, em que penso na felicidade, gostaria de vos contar os inúmeros momentos em que sou feliz, mesmo a sós com as minhas palavras. Porém o meu pensamento voa mais depressa que a velocidade em que vou conseguindo preencher o ecran. Não são só as minhas palavras que me deixam feliz, elas fazem-me regressar a recantos do passado, instantes do presente e quimeras futuras... Mas as palavras de todos aqueles que vou lendo e que me fazem reflectir também me deixam feliz! Frequentes vezes sonho que vivo numa redoma de vidro e que o ar que lá existe é composto por palavras que vou inspirando e expirando....
Quando estou a ler, desligo-me do meu mundo (e do mundo lá fora) e passo a viver o mundo das palavras que estou lendo: "Histórias perfeitas e parágrafos sublimes que vou coleccionando com o prazer e a culpa de quem se apropria de tesouros alheios. E quando as palavras que os outros escrevem dizem o que sinto, sinto-as como minhas e registo-as num caderno, no telemóvel, num guardanapo de papel, para mais tarde as oferecer a alguém."
Mas quanto mais penso na felicidade, menos me sinto capaz de alcançar um entendimento, mais dúvidas tenho. Seremos todos assim? Por vezes sinto que sou dona da felicidade quando escolho o meu caminho, quando faço aquilo que me dá prazer, quando acerto nas escolhas que faço... muitas vezes sinto que a felicidade é dona de mim quando, sem mais nem quê, tantas coisas boas vêm ao meu encontro... E aí, é tudo tão perfeito!
A pouco e pouco, começo a aperceber-me de que não existem respostas para tudo, que muitas vezes ficamos sem respostas para inúmeros factos da vida... tenho quase a certeza de que algumas dessas respostas, e isto já a um nível mais esotérico, nos são barradas porque ainda não é o tempo de possuirmos essa informação. Acho que só sabemos aquilo que devemos saber, para vivermos o presente, o resto virá a seu tempo!
Talvez fosse muito mais fácil falar da infelicidade, esse momento pelo qual já todos passamos, e se não o fizemos, tememos, como se fosse um lugar que conhecemos mas que não queremos visitar... é aquele momento (des)conhecido à nossa espera, como se fosse um cão a rosnar por detrás de um portão, que ladra para nós como uma discussão que nunca acaba. Ou quando apanhamos uma intoxicação alimentar e o veneno que se instala no nosso corpo, a princípio de um modo invisível e que vai corroendo o nosso bem-estar.
Queria conseguir falar da felicidade, como quem fala de um estado pleno, daquela matéria que vive dentro de nós para sempre, se soubermos aprender o desapego, dar sem esperar nada em troca, ser e estar em paz connosco e com as pessoas que nos rodeiam.
De uma forma geral, quase senso comum, aquilo que ouvimos dizer é que a verdadeira felicidade não existe! Existem sim, momentos felizes... Mas caberá em um tão grande estado "pequenos nadas"? Eu diria que esses são momentos de alegria e não de felicidade, que comummente se confundem! Mas, afinal de contas, TUDO é felicidade!
Ser feliz é quando acreditamos em nós próprios e na concretização dos nossos sonhos...
Ser feliz é quando trabalhamos para que esses sonhos aconteçam e aprendemos a dar valor às nossas conquistas, por mais pequeninas que sejam...
Ser feliz é conseguir olhar para trás e sentir orgulho do caminho traçado, compreendendo, sem nos castigarmos, de que os erros também foram úteis para crescermos...
Ser feliz é percebermos que dentro de nós corre um rio que nos vai ligar a esse mar que é o mundo...
Ser feliz é não ter medo de mudar, é não ter medo de deitar fora aquilo que já não nos serve, abrir mão de quem não nos merece...
Ser feliz é chorar quando nos apetece e rir muito alto quando tivermos vontade... sem medo de mostrar a tristeza ou a alegria que se cola ao nosso coração.
E é, acima de tudo, mostrar que se é feliz, de um modo permanente, em tudo o que fizermos!
Afinal ser feliz é tão simples... e o melhor de tudo é que a felicidade é contagiosa!!
A FELICIDADE PERTENCE ÀS BOLAS DE SABÃO E ÀS BORBOLETAS:
"Vós dizeis-me: “A vida é uma carga pesada”. Mas, para que é esse vosso orgulho pela manhã e essa vossa submissão, à tarde? A vida é uma carga pesada; mas não vos mostreis tão contristados. Todos somos jumentos carregados.
Que parecença temos com o cálice de rosa que treme porque o oprime uma gota de orvalho?
É verdade: amamos a vida não porque estejamos habituados à vida, mas ao amor.
Há sempre o seu quê de loucura no amor; mas também há sempre o seu quê de razão na loucura.
E eu, que estou bem com a vida, creio que para saber de felicidade não há como as borboletas e as bolas de sabão, e o que se lhes assemelhe entre os homens."
in Assim Falava Zaratustra, Nietzsche
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
À Procura de um Betinho!
Confesso que não sei muito bem definir normal ou normalidade mas, de acordo com aquilo que aprendi, o primeiro significa: o que age conforme a regra, o que não sofre perturbações a nível físico e/ou psicológico, ou ainda, aquilo que é habitual. Bom, vamos já abrir um parênteses aqui... Primeiro: a maior parte das vezes não sigo as regras, não apenas para ser do contra, mas porque não concordo com muitas delas. Segundo: "perturbações a nível físico e/ou psicológico" destas acho que todos sofremos, há sempre alguém que não gosta do nariz ou do dedo do pé e de quando em vez todos sofremos de algumas crises que apenas ainda não foram declaradas como patológicas... bem vistas as coisas, não será por aqui que eu me encaixo na definição de uma pessoa normal! Quanto ao conceito de normalidade, que será: a qualidade ou estado de normal ou do que está de acordo com as regras... então já estarei a milhas de pertencer a esta dita "normalidade"...
Sempre tive uma "tara" por homens rebeldes, por homens que fugissem à dita normalidade, contestatários, inteligentes, independentes... mas como se costuma dizer: nem tanto à serra nem tanto ao mar, ou melhor dizendo: "cada tiro cada melro" (tento aprender a rir de mim própria, e hoje compreendo, que todas as más escolhas que fiz, não foram assim tão más, ensinaram-me a crescer! Hoje olho para trás com um sorriso no rosto!) ... Eu tenho, mais do que uma tendência, diria, até, uma propensão para encontrar "Freaks of Nature", ou pelo menos é assim que eles se acabam por revelar, pela sua falta de carácter, integridade, honestidade, e todos os adjectivos depreciativos começados por todas as letras do alfabeto... e que agora não me apetece dizer!
Então decidi ser diferente, desta vez vou ao encontro da normalidade e vou procurar um Betinho! Ou como o Daniel Sampaio apelida, carinhosamente, de "Amélias" em Inventem-se Novos Pais: "São rapazes que frequentam sobretudo colégios particulares. Passam os reduzidos tempos livres a construir puzzles ou a comprar roupa. (...) Querem estudar Gestão e continuar a carreira do pai, com quem tem um entendimento intelectual (...). Na primária foram alunos perfeitos: boa letra, bons testes, resposta pronta quando a professora, sempre atenta, lhes solicitava o verbo fácil. Jamais se viraram para trás, disseram um palavrão ou chegaram tarde à escola." Blá, blá, blá... Não me digam que acreditaram naquilo que acabei de escrever!?!?
Era só um destes que me faltava na colecção... Um Amélia!! Não! Mas também não procuro um Cromo, ou um Rambo... na verdade, neste momento e julgo que em muitos outros que se avizinham, não estarei à procura, nem sequer receptiva a nenhum dos pseudo-tipos que possam aparecer.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
A vida num Aquário
Tristeza...
A Madeira acordou ontem para um cenário dantesco. Ruas transformadas em rios de lama, casas inundadas, carros e pessoas arrastadas, pontes derrubadas, enfim, tudo o que de mais horrível se possa imaginar!
A tempestade mortal que se abateu sobre a ilha da Madeira este sábado fez, segundo o último balanço oficial, 42 mortos, mais de 70 feridos e muitos, muitos desaparecidos. Centenas de pessoas ficaram incontactáveis e isoladas... eu própria fiquei sem saber do meu filho durante 48h, haverá dor maior do que esta, de uma mãe que não sabe onde está o seu filho??
Cada minuto que passava parecia uma eternidade, imaginando os piores cenários, uma vez que ele vinha, supostamente, a caminho do Funchal, quando duas grandes derrocadas se abateram na Ribeira Brava, percurso que ele faz para cá chegar, depois dos treinos de atletismo...
Ao fim de 48h o tlm tocou e antes de eu perguntar se ele estava bem, a pergunta veio dele... também havia pensado que eu estaria no meio de todos os escombros e rios de água que assolaram a minha rua!
Que bom saber-nos bem... infelizmente não podemos afirmar o mesmo em relação a tantas outras familías que ainda não sabem do paradeiro dos seus familiares, ou pior, que já sabem que os perderam.
Por tudo isto, deixo aqui um abraço (ainda que virtual) de solidariedade para todas as vítimas desta calamidade!
Um BEM-HAJA a todos aqueles que estão a trabalhar, noite e dia, para recuperar a nossa linda Ilha, em especial ao meu irmão: Obrigada mano, por existirem seres tão generosos como tu, com a coragem que tu tens e pelo teu amor à Pátria!
(As imagens deste artigo foram retiradas de sites informativos da net.)
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Dia D do Coração (parte III)
“ Posso ter defeitos, viver ansioso/ E ficar irritado algumas vezes, /Mas não me esqueço de que a minha/ Vida é a maior empresa do mundo,/ E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale /A pena viver apesar de todos os desafios, /Incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas /E tornar-se num autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, /Mas ser capaz de encontrar um oásis /No recôndito da sua alma. /É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos, /É saber falar de si mesmo, /É ter coragem para ouvir um “Não”. /É ter segurança para receber uma critica, /Mesmo que injusta.
Pedras no caminho?/Guardo-as todas… /E um dia vou construir um castelo….”
(Fernando Pessoa/Augusto Cury?)
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Dia D do Coração (parte II)
Terminava com o aprender com a vida! A vida é muito mais do que sofrimento, tristeza, angústia, dor, espera e vazio...
Tive de aprender a viver outra vez, tive de aprender a namorar com a vida e aproveitar a serenidade que os anos se encarregam de trazer.
Peço que a Primavera chegue e com ela uma vida nova! Eu tenho a sorte, ou a infelicidade, de poder afirmar que a vida me deu uma segunda oportunidade. Talvez por isso tento que cada momento vivido por mim, diariamente, seja repleto de felicidade. Aos poucos vou-me sentindo firme e segura... estou, finalmente, a conseguir arrumar a minha cabeça e o meu coração.
Volto a lembrar-me de "ti"... sabes, se o destino não nos quis juntos é porque me reserva algo de muito melhor. Tenho de admitir que, desde o início eu senti todas as fragilidades da nossa relação, elas teimavam em acenar-me com uma bandeira e eu teimava em olhar noutra direcção, apenas porque queria voltar a acreditar que agora é que seria... Mas isto sou eu, no que tenho de pior, continuo a acreditar em contos de fada. Acho que fiquei, algures, presa na minha infância aos contos infantis... Tal como tu ficaste preso na "Terra do Nunca".
No fundo eu acredito que o facto da vida mudar deve ser encarado como algo de positivo, e sei que a cada mudança vai doer, porque ela nem sempre muda como queremos ou quando queremos, mas muda! E o que importa é continuarmos a acreditar que "Deus" (como quer que cada um o conceba) nunca fecha uma porta que não abra uma janela. Na verdade, também não me importo de ficar à janela, coisas engraçadas acontecem, não estivesse a Carochinha à janela, teria perdido a oportunidade de conhecer o João Ratão! ;)
Devo acrescentar, porém, e como já referi em textos anteriores, que agora encaro o futuro de um modo completamente diferente, completamente diferente do futuro que te descrevi da última vez que nos encontramos... sim, daquela vez em que eu não resisti em tratar-te bem, apesar de não o mereceres, recebi-te de braços abertos, abraçaste-me com "aquele" abraço cheio de calor e de um certo tipo de saudades que ninguém consegue descrever, mas que nós, na nossa cumplicidade, sabíamos como são, melhor, eram! Hoje consigo ver-te com outros olhos, uns olhos que foram regados pelas lágrimas do sofrimento que me causaste... já não aguentaria os teus avanços e recuos... de seguir em frente e voltar atrás... construiste um muro à tua volta, cada vez mais alto, motivado pelo medo absurdo de assumir determinadas responsabilidades... essa tua grande especialidade!
"Não é fácil um homem aliar inteligência com generosidade. E ainda que possua ambas as qualidades, é raro que reúna também uma terceira, a que distingue as pessoas que valem a pena daquelas que deixamos para trás; essa qualidade, que não se compra, não se treina e não se finge, chama-se integridade. Receio que também não a tenhas. Não te preocupes; a todos nos falha, de vez em quando, mesmo quando representa um valor fundamental. Não somos perfeitos, nunca. Apenas conseguimos por instantes tocar a perfeição. E uma das formas de a tocar é sermos sempre verdadeiros, sempre, sem excepção, sobretudo para nós próprios."MRP
Estou mais habituada a dar do que a receber, este é mais um dos aspectos que ando a tentar mudar, no entanto, acredito que é verdade quando se diz que o Universo é um lugar justo e que tudo aquilo que se dá acabamos por receber em dobro. Vou ficar à espera, pacificamente, que tudo aquilo que dei ao longo da vida comece a chegar até mim.
O presente ganhou, para mim, uma força renovada... tem outro significado, outros contornos, muito mais belos e poderosos. O passado ficou onde deve estar, no passado. Infelizmente não posso ir lá atrás modificar o que quer que seja, e em boa verdade nem sei se o faria, porque foram todas essas vivências que fizeram de mim a pessoa que hoje sou e de quem me orgulho tanto! Quanto ao futuro, também está onde deve estar: no futuro. Gosto de sonhar que muitas coisas maravilhosas ainda me vão acontecer, mas já não gasto a minha energia a pensar que da concretização desses sonhos depende a minha vida. Agora aprendi a viver "um dia de cada vez", e sem pressa de lá chegar!
O meu filho é, sem alguma dúvida, o meu maior projecto de vida, um dos mais importantes também... porque estaria a mentir se não dissesse que ambiciono também um outro projecto, também ele importante... o de ser feliz. Sei que este tema é abrangente e subjectivo...
Para mim a felicidade passou também a ter outro significado... felicidade é para mim poder estar aqui a escrever, felicidade é sentir que o meu filho está feliz. Felicidade é poder concretizar os meus projectos, felicidade é saber que valorizam o meu trabalho. Felicidade é saber que dentro em breve vou estar a apresentar uma comunicação para centenas de pessoas, porque acreditam na qualidade daquilo que faço. Felicidade é poder olhar este mar azul que me rodeia, ouvir os pássaros cantar, sentir a chuva a bater na janela, tomar uma chávena de chocolate quente, ouvir a música que eu gosto, passar algum tempo com as pessoas que já fazem parte de quem eu sou...
A felicidade deixou de ser algo distante, é o aqui e agora e o daqui a pouco também, saber que vou dar um beijo de boa noite ao meu filho e saber que amanhã, quando acordar ele vai estar lá, para me abraçar e dizer que me ama. Felicidade é sonhar, ainda que por vezes os sonhos sejam com coisas que ainda não se concretizaram, mas guardo a beleza dessas imagens, elas povoam o meu imaginário, e isso basta-me, por enquanto. Óbvio que ainda ambiciono conhecer alguém com quem possa construir uma vida a dois, feita dessa matéria-prima que é a felicidade, cujos ingredientes são, nada mais, nada menos do que, a perseverança, a fé e a segurança. Coisas simples, daquelas que eu gosto!
Dizem que nos apaixonamos por aquilo que não conhecemos e amamos aquilo que conhecemos. Amei-te na medida em que te conheci, provavelmente melhor do que ninguém, fui tão dócil contigo, como nunca o tinha sido com outro homem, enquanto tu... tu apenas te apaixonaste por mim. Hoje acredito que nunca me conheceste... E agora já não vens a tempo de o fazer!
"Embora me desejes o melhor do mundo e isso seja também uma forma de amor, desconheces o poder construtivo do amor; amar alguém é participar de forma activa na edificação de uma felicidade comum, possível e palpável, como uma casa ou, melhor ainda, como uma árvore. E tu, meu querido e confuso amigo, nunca te lembraste de regar as sementes que foste acidentalmente deixando cair na terra por onde passas. Ou então regressas ao lugar onde elas crescem de geração espontânea, e, sem que nunca as tenhas adubado com afecto ou protegido dos ventos da solidão, arrancas-lhes as raízes." MRP
Tempo houve em sonhávamos juntos e que quando olhavas o futuro o imaginavas ao meu lado, como costumavas dizer: "para toda a eternidade", mas o teu medo de falhar foi mais forte. Há pouco tempo senti algum alívio ao reler uma carta que me enviaste... nesse instante eu percebi que não enlouquecera, nessa altura, de amor por ti. Não andei a inventar cenários... O consolo é magro, mas nele encontro algum sentido de justiça... no amor, como na vida, a justiça tarda mas não falta.
Estes textos, que aqui escrevo, marcam uma ruptura definitiva. Preciso desta ruptura para manter o equilíbrio!
"Há pessoas que entram em pânico quando são obrigadas a lidar com a realidade das relações amorosas, e tu és uma delas. O teu labirinto não te permite deixar que aqueles que te amam se aproximem mais do que aquilo que consideras seguro para ti. És um ermita por natureza e por escolha própria. E acredita que sei que, no fundo, até és feliz, ou pelo menos vives momentos de grande tranquilidade, sozinho, habituado apenas à tua presença, ao teu cheiro, aos armários com a tua roupa. Precisas tão desesperadamente de silêncio como eu de palavras. Por este e outros motivos, vou-me apercebendo cada vez mais de que somos - ou estamos - diferentes. O teu medo quase letal perante a viabilidade da nossa relação assustou-te de tal forma que me fechaste a porta na cara várias vezes, embora depois não resistisses a voltar. Agora sou eu que não resisto a fechar-ta na cara, com toda a força que tenho e com toda a veemência que sinto. Quando batemos com a porta, também é para nós. Precisamos que se abata sobre a nossa consciência esse estrondo final, como qualquer coisa de grandioso que se quebra, um enorme edifício que implode.
É fundamental bater com a porta, e com quanto mais força, melhor, principalmente se já levamos com ela na cara"MRP
E é com este estrondo final que termino por hoje... a noite vai avançando e o meu corpo pede-me para descansar!
Afinal ainda haverá uma parte III...
Um beijo doce
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Dia D do Coração (parte I)
Na lista dos teus fins, venho no fim
de uma página nunca publicada,
e é justo que assim seja, embora saiba
mexer palavras, e doer de frente,
e tenha esse talento conhecido
de acordar de manhã,
dormir à noite,
e ser, o dia todo, como gente,
nunca curei, como previa, a lepra
nem decifrei o delicado enigma
da letra morta que nos antecede.
Por muito te querer, talvez pudesses
dar-me um lugar qualquer mais adiante,
despir-te de pudor por um instante
e deixá-lo cobrir-me como um manto.
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Namorar com a vida...
Decidi sentar-me e divagar um pouco acerca deste e outros assuntos…
Nunca ninguém cresce de uma forma idílica... e ao vasculharmos o baú, que é a nossa memória, encontramos, seguramente, momentos em que crescer doeu, e doeu tanto que nos tornamos descrentes dos sentimentos, dos outros e até de nós mesmos.
Com o dia-a-dia a desafiar-me a crescer e sentindo esse progresso dentro de mim, acabei por perceber que viver pode tomar outros rumos, abranger outras dimensões.
Continuo a acreditar que algumas pessoas podem ser o nosso paraíso e que para tirarmos proveito disso, basta, simplesmente, ir na direcção que o nosso coração insista em escolher... Mas cuidado, porque aquilo que acabamos por descobrir é apenas tudo o que o amor não é!
Nem sempre o Amor é o percurso seguro que nos habituamos a fazer... O que devemos compreender, porém, é que não existem pessoas perfeitas, mas que isto não sirva para nos resignarmos a escolher qualquer um(a) que se apresente diante de nós! As pessoas têm de se esforçar por se tornarem seres humanos cada vez melhores!
Lembrem-se também que o essencial não é invisível, não acreditem que as pessoas podem mudar, porque simplesmente não mudam: what you see is what you get!
Acreditem nos afectos, construam-nos, vivam deles e para eles e deixem de ser pessoas mesquinhas! Os afectos, sejam eles quais forem, são o verdadeiro tempero da vida, sem eles tornamo-nos em seres insossos. Os afectos servem para que o sol também brilhe dentro de nós e não apenas lá fora onde ele tenta a todo o custo fazer-se ver por entre as nuvens... namorem, mas namorem com a vida, acima de tudo!
Por vezes nem quero acreditar quando dou comigo a pensar que a maioria das pessoas está doente. Ultimamente, por razões que agora não importa dizer, tenho dado por mim a olhar para dentro... a colocar em dúvida todas as minhas opções, abraçando todos os meus erros, tentando resolvê-los e apercebendo-me, com tudo isto, que estou crescendo. Aprendi a olhar para mim mesma com a humildade de quem ainda não sabe tudo, de quem tem o direito de errar, mas que quer a todo o custo tornar-se num ser humano mais condescendente consigo próprio. Esta agitação interior não é de forma alguma incompatível com a tranquilidade, devo dizer-vos que nunca na minha vida questionei tanto e, contudo, sinto-me em paz comigo mesma, logo, em paz com os outros.
O meu pensamento voou, por momentos, para a quantidade de pessoas maldosas que existem por aí... sim, ser mau não é um instinto primário, nem sequer consta dos manuais de sobrevivência, somos maus quando ignoramos, com insistência, a consequência dos nossos actos... E não, não basta pedirmos desculpa a quem fazemos mal, estaríamos a sobrecarregar a pessoa que acolheu antes a nossa raiva com a nossa culpa. Coloquem a mão nas vossas consciências, é acerca desta temática que o dia de hoje deve insistir... não se vinguem da bondade que invejam nos outros.
... "e foram felizes para sempre", não é um prémio que se recebe pelo melhor argumento, também não é um jogo de sorte ou azar, é todo um percurso que se traça quando damos tudo o que somos e recebemos tudo o que o outro é... é sobreviver à fase do deslumbramento, é aceitar as imperfeições, mas é, acima de tudo, amarmo-nos a nós próprios antes de amar o outro.
Ser feliz não é impossível... mas ser feliz torna-se difícil quando se finge não ver todas as reticências que um Amor desperta... não se ganha a sorte grande quando nem sequer se joga na lotaria!
Ser namorado(a) não é apenas oferecer uma prenda a alguém... ser namorado(a) é ter o cuidado de não ir fechando as portas ao outro coração, para que não transformem esses "gestos de amor" numa eterna saudade do que antes era sol e que se poderá tornar, talvez, em escuridão e silêncio... "os laços também morrem, basta que se iludam os cuidados que um grande Amor precisa ter".
Existem pessoas para as quais eu já fui o Grande Amor das suas vidas, para outras, não passei de um mero capítulo. Eu também tive um Grande Amor da minha vida, outros apenas passaram pela minha vida para me ensinarem a crescer, a ver novos horizontes, a perceber que a vida não termina apenas porque um amor chega ao fim... A nossa memória nunca deita fora as pessoas pelas quais sentimos uma enorme gratidão, não quero afastar essas pessoas da minha cabeça, nem do meu coração, como se estivesse a impor uma penitência a mim própria... o que importa é que não deixemos de ambicionar que a relação que hoje é vivida valha mais do que tudo de bom de todas as relações que já vivemos... Todas as relações não têm de ser "Para Sempre"... Nunca chegamos à relação certa com um "mapa de tesouro", não existe uma fórmula secreta ou uma poção mágica para que a química aconteça... é mais um "Vai por ali!", pois o "nosso caminho é que nos descobre, sempre que passe por nós a descoberta do caminho de alguém"... Por elas e para elas deixo este texto de que gosto muito... e o meu sempre beijo doce!
Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.
Já ninguém quer viver um amor impossível.
Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.
Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".
O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.
Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.
O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.
A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível.
O amor tornou-se uma questão prática.
O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona?
Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o susto, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha.
Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores.
O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor.
É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor.
A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não.
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.”
- Miguel Esteves Cardoso
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Metade
É urgente aprendermos a ser um todo, por nós e para nós, apenas... E SEMPRE!!
Não procuremos nos outros aquilo que não conseguirmos encontrar em nós próprios!!
Ainda que metade de nós "seja AMOR e a outra metade TAMBÉM"
"Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que [o homem] que eu amo seja pra sempre amado
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a [uma mulher] inundada de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesma se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é plateia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor...
E a outra metade também!"
Oswaldo Montenegro
A Lista, de Oswaldo Montenegro
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Ad Eternum...
E quantas vezes já as utilizaram sabendo, realmente, ao que se estavam a referir?
Pois é... a resposta será, se escutarmos a nossa alma: raramente...
Eternidade é um conceito filosófico que se refere, no sentido comum, ao tempo infinito; ou ainda algo que não pode ser medido pelo tempo, porquanto transcende o tempo. Se entendermos o tempo como duração com alterações, sucessão de momentos, a Eternidade é uma duração sem alterações ou sucessões.
Eterno (remete para eternidade) e eu acrescento: "Não há factos eternos, como não há verdades absolutas." Friedrich Nietzsche
É curiosa a forma como debitamos palavras sem conhecermos o seu verdadeiro significado. Alguns pensarão: são meras palavras... Mas as palavras carregam consigo um peso e para muitos, eu inclusive, que não gosto de dizer palavras ao desbarato, tenho o costume de medir as que digo e as que recebo! As palavras marcam… e também nos marca a falta delas.
Hoje decidi indagar este e outros conceitos que me atormentam... de volta à teoria do caos… a minha memória volta a Friedrich Nietzsche, que me tem acompanhado nos bons e nos maus momentos...
Eterno retorno é um conceito filosófico formulado por Nietzsche. Em alemão o termo é Ewige Wiederkunft. Uma síntese dessa teoria é encontrada em A Gaia Ciência:
"E se um dia ou uma noite um demónio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demónio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderias: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?"
O Eterno Retorno é um conceito não acabado em vida pelo próprio Nietzsche, mas que encontramos trabalhado em vários dos seus textos (No "Assim falou Zaratustra"; aforismo 341 do "A Gaia Ciência"; aforismo 56 do "Além do bem e do mal") e em pequenas passagens dos fragmentos póstumos. Nietzsche considerava-o como o seu pensamento mais profundo e amedrontador, que lhe veio à mente durante uma caminhada, ao contemplar uma formação rochosa.
Um dos aspectos do Eterno Retorno diz respeito aos ciclos repetitivos da vida: estamos sempre presos a um número limitado de factos, factos estes que se repetiram no passado, ocorrem no presente, e se repetirão no futuro, como por exemplo, guerras, epidemias, até a mais recente e assustadora H1N1… O Eterno Retorno não é visto como uma forma de percepção do tempo, nem é considerado um ciclo temporal que se repete indefinidamente ao longo da eternidade. Para Nietzsche a noção do tempo não é cíclica, embora nos pareça um paradoxo.
O Eterno Retorno coloca em questão a ordem das coisas. Mostra-nos um mundo que não é composto por compartimentos estanques e incompatíveis, olha para a realidade como se de uma moeda de duas faces se tratasse. Uma dualidade que é UNA, estamos obviamente a falar da realidade. Assim sendo, bem e mal, amor e ódio, tristeza e alegria são forças complementares da realidade - forças que se alternam eternamente.. As coisas sucedem-se umas após as outras infindavelmente… Fortuna ou maldição?
É necessário, pois, que exista uma entrega total em tudo o que fazemos, em tudo o que vivemos e dizemos, em tudo o que damos e recebemos, porquanto tudo isso voltará, um dia, para o vivermos uma e outra vez… ad eternum…
Colocando de lado estas questões existenciais e olhando para a temática de uma forma mais leve, ainda no outro dia encontrei um texto mais ligeirinho que resume, numa dúzia de palavras o conceito de Eterno... o texto continua, porém, com uma divagação acerca do que é fácil e difícil no nosso dia a dia, nas nossas vivências... vamos pensar nisto e segundo o Eterno Retorno, pensem em tudo aquilo que fazem e se gostariam de ter de passar por tudo outra vez! Reflictam naquilo que fazem os outros passar e naquilo que os fazem sentir... Em como com um gesto, ou pela falta dele, mudam o rumo dos acontecimentos...
"Eterno, é tudo aquilo que dura uma fracção de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata!
Fácil é ouvir a música que toca,
Difícil é ouvir a tua consciência, acenando o tempo todo, mostrando as nossas escolhas erradas.
Fácil é ditar regras.
Difícil é segui-las. Ter a noção exacta da nossa própria vida, ao invés de ter noção das vidas dos outros.
Fácil é perguntar o que deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar a resposta, ou querer entender a resposta.
Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.
Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como és e te fazer feliz por inteiro.
Fácil é ocupar um lugar na lista telefónica de alguém.
Difícil é ocupar o coração de alguém e saber que se é realmente amado.
Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.
Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir ao nosso próprio coração.
Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.
Fácil é dizer “Olá” ou “Como estás?”.
Difícil é dizer “Adeus”, principalmente quando somos culpados pela partida de alguém das nossas vidas…
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida, aquela que toma conta do nosso corpo, como uma corrente eléctrica quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois… Amar e se entregar, e a aprender a dar valor somente a quem te ama.
Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem a tua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá…
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e reflectir sobre os teus erros ou tentar fazer diferente algo que já se fez de muito errado.
Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele(a) deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que se diz.
Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre essa situação.
Difícil é viver essa situação e saber o que fazer. Ou ter coragem para o fazer.
Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende.
E assim perdemos pessoas especiais!"
(Autor desconhecido)
domingo, 7 de fevereiro de 2010
Solitária por opção...É isso que eu sou: solidão e solidariedade
Sei que parecerá um tema um tanto estranho, mas quando me perguntam tantas vezes porque opto por estar só, isto que aqui vos deixo, é o que me apetece dizer, contudo, na maior parte das vezes, o que conseguem de mim é o silêncio.
Pergunto-me porque parecerá tão estranho querer estar sozinho? Nietzsche uma vez escreveu acerca da educação: "Paulatinamente esclareceu-se, para mim, a mais comum deficiência de nosso tipo de formação e educação: ninguém aprende, ninguém aspira, ninguém ensina - a suportar a solidão." Se calhar, por este facto, dói à maioria de vós estarem sós... porque aprendemos a ser dependentes de alguém, aprendemos que devemos procurar nos outros aquilo que nos faz falta, que nos preenche... Mas deixem que vos diga: quem não souber viver em solidão jamais compreenderá a liberdade... estar só é ser livre para se fazer o que se quiser, quando se quiser. É quando, efectivamente, sentimos aquilo que somos! Muitos julgarão que a solidão é algo de mau, mas é, na verdade, uma fonte de tranquilidade, de felicidade... Estar com os outros impele-nos, de uma forma ou de outra, para o dano, acabamos, invariavelmente, por nos magoar, por nos decepcionarmos... por isso, prefiro estar só, comigo mesma, a ter de estar com os outros e dar-lhes a possibilidade de me magoarem!
Alguns pensarão no amor e na falta que faz termos uma pessoa ao nosso lado para partilharmos esse amor. É claro que o amor é uma coisa diferente e é óbvio que todos nós precisamos dele, mas se pararmos para reflectir um pouco, quando se opta pelo amor, pela companhia de um outro ser que, julgamos nós, nos possa preencher, estamos a abrir mão da nossa solidão, estamos a dar de nós aquilo que é o nosso maior tesouro, o que mais próximo temos da verdadeira liberdade!
Eugénio de Andrade diz, no Rosto Precário : "A solidão não é forçosamente negativa, pelo contrário, até me parece um privilégio. Talvez a minha solidão seja excessiva, mas eu detestei sempre as coisas mundanas. Estar com as pessoas apenas para gastar as horas é-me insuportável."
Ao optar por estar só, faço-o conscientemente! Certo dia li no livro "Arte da Respiração" que :
"Nem todos os que se refugiam na nulidade ou na solidão o fazem por cansaço e desistência das provas do mundo. Há também quem se afaste para evitar a baba e o louvor dos cretinos."
Durante muito tempo pensei, e depois de alguns relacionamentos, que era à solidão que eu tentava escapar, depois, com a maturidade, descobri que o que acontecia, na verdade, era que eu tentava escapar de mim mesma.
Sei que muitos ficarão perplexos ao ver-me optar por estar sozinha, afinal estar só, parece só fazer sentido em duas fases da nossa vida: quando se é jovem e temos toda uma vida pela frente, e uma imensidão de opções, ou quando se é velho demais e olhamos para o passado, que guardamos na nossa memória.
Ser solitário quando ainda estamos a meio do caminho é algo estranho, no mínimo pouco comum, pois todos estamos sempre à procura de algo...Mas eu já nada procuro, tudo aquilo de que preciso descobri que está dentro de mim!
Tenho pena de só o ter descoberto recentemente e isso fez com que eu ganhasse alguns medos, algumas cicatrizes... e como o poderia ter evitado, tivesse sido eu mais persistente... Mas o ser humano é fraco e cede às tentações!
A solidão não é mais do que nos envolvermos no casulo da nossa alma, fazermo-nos crisálida e aguardarmos a metamorfose, porque ela acaba sempre por chegar! (Uma vez mais a borboleta... Peço desculpa, mas julgo que vou sempre reportar-me a ela em tudo o que escreva...)
Não julguem, porém, que ao optar por estar sozinha eu não tenha uma mão cheia de pessoas que habitam a minha alma... Não haveria solidão mais triste do que a de um ser sem amizades. Não podemos passar sem a Amizade. A falta de amigos faz com que o mundo pareça um deserto, mas a nossa vida é, na verdade, um perfeito deserto. Apenas o vamos preenchendo com todas as coisas que nos dão algum prazer, seja a escrita, a música, a leitura, a fotografia, os amigos, esses seres maravilhosos que estão sempre por perto, atentos ao que se está a passar connosco e que nos estendem a mão quando é verdadeiramente necessário, mas que nos deixam respirar e respeitam quando queremos estar no nosso cantinho!
Por tudo isto, considero que a minha solidão será aquilo a que chamamos de uma "solidão moderada", bastar-me-ia abrir a porta e deixar entrar o que realmente quisesse! Tudo está lá, à minha espera, à espera desse gesto!
Paul Valéry disse que: "Há momentos infelizes em que a solidão e o silêncio se tornam meios de liberdade." E é sem dúvida nas agruras da vida que paramos para reflectir e a reflexão exige solidão. Depois chegam as costumeiras questões, o que deveria ter feito e não fiz, o que fiz e não deveria ter feito, onde errei, onde errou o outro...
Se pensarmos nos "Grandes homens", compositores, artistas, escritores, verificamos que estão muitas vezes solitários. Mas essa solidão é parte da sua capacidade de criar. Alguém disse, um dia, perdoem-me mas já não consigo encontrar a referência que "O carácter, assim como a fotografia, desenvolve-se no escuro!"
Claro que também poderíamos divagar sobre uma outra espécie de solidão, aquela em que o solitário é um abandonado. Felizmente não sei o que isso é, mas conheço quem o seja. Cada um de nós trilha o caminho que escolheu, a isso se chama: livre arbítrio, o problema é que essa solidão dói... Mas cada um de nós é que escolhe aquilo que quer para si, dizem que a vida é como um Eco, e que se não estivermos a gostar daquilo que estivermos a receber é porque devemos prestar mais atenção ao que estamos a enviar... pois a vida só nos devolve aquilo que nós dermos de nós. E nunca se esqueçam: Tudo o que derem de si, receberão em dobro (bom ou mau).
Existe ainda um outro tipo de solidão, aquela em que alguém é solitário porque os outros ainda não se juntaram a ele! É preciso cativarmos as pessoas e sermos responsáveis por aquilo que cativamos ou terminaremos, irremediavelmente, sós! Malraux diz que: "Quem não souber povoar a sua solidão, também não conseguirá isolar-se entre a gente."
"A solidão é o preço que temos de pagar por termos nascido neste período moderno, tão cheio de liberdade, de independência e do nosso próprio egoísmo." Natsume, in "Pobre Coração dos Homens". Não vos quero mentir... por vezes é difícil suportar a solidão, especialmente quando, por exemplo, consigo tirar uma fotografia e fico satisfeita com o resultado, aí e só aí, nesse momento específico, é que me sinto um pouco triste, porque o belo precisa ser partilhado para sê-lo, efectivamente. Porém, e olhando para as coisas sob uma perspectiva mais colorida, sinto que é apaixonante ver como o trabalho que vou realizando em solidão, se transforma, na maior parte das vezes, numa experiência partilhada com muitíssimas pessoas que convergem num mesmo ponto, aqui, nas páginas que tenho em alguns sítios, no Olhares... e então, sinto que já não estou só, outra vez.
A solidão não é algo que se encontre... é algo que fabricamos quando precisamos de estar com esse alguém muito especial: nós próprios!
Hoje estou acompanhada pela poesia... Nietzsche diz que: "quando se vive só, não se fala muito alto, não se escreve também muito alto: receia-se o eco [aquele de que vos falei...] o vazio do eco, a crítica da ninfa Eco. A solidão modifica as vozes." E então, em voz baixa, partilho convosco este poema, que adoro e com o qual me identifico.
Uma última palavra: Não se esqueçam nunca de que jamais haverá dois tempos iguais de solidão... porque nunca estamos sozinhos da mesma maneira!
Despedida
Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranquilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces ? - me perguntarão. -
Por não ter palavras, por não ter imagem.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras ?
Tudo.
Que desejas ?
Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação ...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão !
Estandarte triste de uma estranha guerra ... )
Quero solidão.
Cecília Meireles
Um beijo de mel
sábado, 6 de fevereiro de 2010
AS PARÁBOLAS DE KRYON - A GRANDE LAGARTA PELUDA
Durante todo este tempo de ausência aprendi muitas coisas e cresci... Aprendi que o tempo cura, que a mágoa passa, que a decepção não mata, que a dor fortalece... e que o segredo da vida é... VIVER!
Depois de mais uma metamorfose, convido-vos a ler uma parábola de Kyron... ENJOY IT!
"O bosque regurgitava de vida e, debaixo do tapete de folhas que cobria o solo, a grande lagarta peluda falava ao seu grupo de lagartas discípulas. Não tinha mudado grande coisa na comunidade das lagartas. O trabalho da grande lagarta peluda era vigiar o grupo para que se conservassem e respeitassem os velhos costumes. Ao fim e ao cabo, eles eram sagrados.
Diz-se – falava a grande lagarta peluda, por entre mordidelas na sua comida de folhas – que há um espírito no bosque que oferece a todas as lagartas um novo contrato melhor. Mnhãm, mnhãm... Decidi conhecer esse espírito e aconselhar-vos sobre o que vocês devem fazer.
- Onde é que vais encontrar o espírito? – perguntou uma das discípulas.
- Ele virá até mim – disse a grande lagarta peluda - Ao fim e ao cabo, como sabem, não posso ir muito longe. Não há comida para além do arvoredo. Não posso ficar sem comida, mnhãm, mnhãm.
Assim, quando a grande lagarta ficou sozinha, chamou em voz alta o espírito do bosque, e, pouco depois, o grande e tranquilo espírito aproximou-se dela. O espírito do bosque era formoso, mas grande parte dele ficava escondido, posto que a lagarta não se movia do seu cómodo leito de folhas.
- Não posso ver bem a tua cara - disse a grande lagarta.
- Vem um pouco mais para cima - respondeu o espírito do bosque com voz amável. Estou aqui para que me vejas.
Mas a lagarta continuava onde estava. Afinal de contas, esta era a sua casa, e o espírito do bosque estava ali porque ela o tinha convidado.
- Não, obrigada – disse a grande lagarta peluda. Isso dá muito trabalho. Diz-me uma coisa: que é isso que andam por aí dizer sobre um grande milagre, só disponível para as lagartas, e não para as formigas nem para as centopeias? É mesmo só para lagartas?
- É verdade – disse o espírito do bosque. Vocês ganharam um presente maravilhoso. E, se decidirem que o querem, dir-vos-ei como consegui-lo.
- E como é que o ganhámos? – perguntou a grande lagarta peluda, ocupada com a sua terceira folha, desde o princípio da conversa - Não me lembro de ter concorrido a nenhum concurso.
- Ganharam através dos vossos incríveis esforços de toda a vida, ao fazerem com que o bosque continue a ser sagrado – disse o espírito.
- Pois claro! – exclamou a lagarta. Faço esse esforço todos os dias, todos os dias. Sou a líder do grupo, sabes? Por isso estás a falar comigo… e não com outra lagarta qualquer.
Ao ouvir este comentário, o espírito do bosque sorriu para a lagarta, embora esta não pudesse ver, posto que tinha decidido não abandonar a sua folha.
- De facto, desde há muito tempo que faço com que o bosque continue a ser sagrado – disse a lagarta. E o que é que eu ganhei com isso?
- É um presente maravilhoso – respondeu o espírito do bosque. Agora és capaz, através do teu próprio esforço, de te converteres numa formosa criatura alada, e voar! As tuas cores serão impressionantes, e a tua mobilidade deixará boquiabertos todos quantos te vejam. Poderás voar para onde quiseres dentro do bosque. Poderás encontrar comida em toda a parte, e conhecer novas e formosas criaturas aladas. Tudo isto imediatamente, se quiseres.
- Lagartas que voam?! – reflectiu a peluda – é incrível! Se é verdade, mostra-me algumas dessas lagartas voadoras. Sempre quero vê-las.
- É fácil – respondeu o espírito. Viaja simplesmente para um lugar mais elevado e olha à tua volta. Elas estão por todos os lados, saltando de ramo em ramo, e desfrutando de uma vida maravilhosa e abundante, ao Sol.
- Sol! – exclamou a lagarta. Se realmente és o espírito do bosque, sabes que o Sol é demasiado quente para nós, as lagartas. Coze-nos!... Sim, não é bom para o nosso pêlo, sabes. Por isso, temos de estar na obscuridade. Não há nada pior que uma lagarta com o pêlo feio.
- Quando te transformares na criatura alada, o Sol fará ressaltar a tua beleza – disse o espírito, amável e pacientemente. Os velhos métodos da tua existência mudarão radicalmente, deixarás os antigos hábitos de lagarta no solo do bosque e lançar-te-ás nas novas habilidades das criaturas aladas.
A lagarta ficou calada por um momento.
- Queres que deixe a minha cómoda cama e viaje para um sítio alto, ao Sol, para ter uma prova disso?
- Se necessitas de uma prova, é isso que deves fazer – respondeu o paciente espírito.
- Não - disse a lagarta – não posso fazer isso. Tenho de comer, sabes?.. Não posso ir para sítios desconhecidos debaixo de Sol, a comer moscas, enquanto houver aqui trabalho. É muito perigoso!... No entanto, se fosses realmente o espírito do bosque, saberias que os olhos das lagartas apontam para baixo, e não para cima. O Grande Espírito da Terra deu-nos bons olhos que apontam para baixo, para podermos encontrar comida. Qualquer lagarta sabe isso. O que pedes, não serve para uma lagarta – disse a lagarta peluda, cada vez mais desconfiada. Olhar para cima, não é algo que façamos com frequência. E, depois de uma pausa, acrescentou:
- E como é que conseguimos essa história voadora?
O espírito do bosque explicou então o processo de metamorfose. Explicou que a lagarta tinha de se comprometer a aceitar a mudança, uma vez que, começado o processo, não era possível voltar atrás. Explicou como a lagarta usava a sua própria biologia enquanto se encontrava no casulo, para se converter numa criatura alada. Explicou também que a mudança requeria um sacrifício, um tempo de obscuridade silenciosa dentro do casulo, até que tudo estivesse pronto para a transformação numa formosa criatura voadora, multicolor. A lagarta escutava em silêncio, sem interromper, excepto pelos ruídos da mastigação.
- Vamos a ver se entendi – disse irreverentemente a lagarta. Queres que todas nós nos ponhamos em marcha e tentemos ocupar-nos com uma coisa biológica, da qual nunca ouvimos falar? Quer dizer que temos que deixar que essa coisa biológica nos encerre totalmente no escuro durante meses?
- Sim. - respondeu o espírito do bosque, que percebia para onde se encaminhava a conversa.
- E tu, o Grande Espírito do bosque não podes fazer isso por nós, não é verdade? Temos que ser nós mesmas a passar pelo processo?... Pensei que o tínhamos ganho!
- Vocês ganharam-no – disse, tranquilo, o espírito – e, ao mesmo tempo, também ganharam o poder de se converterem na nova energia do bosque. Agora mesmo, enquanto estás sentada na tua folha, o teu próprio corpo já está equipado para fazer isso tudo.
- Que aconteceu aos dias em que a comida caía do céu, as águas se abriam, os muros das cidades se desmoronavam, e outras coisas do género? Não sou parva, sabes? Posso ser grande e peluda, mas já cá ando há algum tempo. Como o Espírito da Terra faz sempre a maior parte do trabalho, tudo o que temos de fazer é seguir as instruções… De qualquer modo, se fizéssemos o que nos pedes, morreríamos de fome! Toda a lagarta sabe que tem de estar a comer o tempo todo...mnhãm, mnhãm... para continuar viva. O teu novo e grande contrato, parece-me muito suspeito. A lagarta pensou ainda um momento e rematou:
- Olha… desaparece!
E, ao dizer isto, virou-se para ver onde daria a próxima dentada.
O espírito do bosque foi-se embora em silêncio, tal como lhe fora pedido, enquanto ouvia a lagarta murmurar para si mesma:
- Lagartas que voam!... Mnhãm, mnhãm... O que mais virá?
No dia seguinte, a lagarta fez uma proclamação e reuniu as suas discípulas para uma conferência. Estava tudo em suspenso, enquanto a multidão escutava intensamente para averiguar o que é que a grande lagarta peluda tinha a dizer acerca do seu futuro.
- O espírito do bosque é maligno! – proclamou a lagarta às suas discípulas. Quer enganar-nos para nos levar a um sítio muito escuro, onde certamente morreremos. Quer que acreditemos que os nossos corpos se converterão em lagartas voadoras e, para isso, tudo o que temos de fazer, é deixar de comer durante uns meses!
Uma grande gargalhada seguiu-se a esta observação.
- O senso comum e a história, mostram-nos como sempre funcionou o Grande espírito da Terra – continuou a lagarta. Nenhum bom espírito vos levará para um sítio escuro!... Nenhum bom espírito vos pedirá que façam algo – algo tão próprio de Deus – por vós mesmas. Tudo isto são truques do espírito maligno do bosque.
A lagarta empertigou-se com a sua própria importância, pronta para o comentário seguinte:
- Ah! Mas eu estive com o maligno… e reconheci-o!
As outras lagartas aprovaram loucamente este comentário, e carregaram a grande lagarta peluda nas suas costas peludas, andando em círculos, ao mesmo tempo que lhe agradeciam por as ter salvo de uma morte certa."
Deixemos este festival de lagartas, e, com cuidado, vamos elevarmo-nos, através do bosque. À medida que a algazarra do solo se vai desvanecendo nos nossos ouvidos, subimos acima do tapete de folhas que encobre o solo do bosque, dos raios do Sol. Afastamo-nos pouco a pouco da obscuridade das folhas, até à área reservada aos que podem voar. E, à medida que a algazarra das lagartas em celebração se afasta dos nossos ouvidos, experimentamos a grandeza das lagartas aladas. Pousando de árvore em árvore, sob a Luz brilhante do Sol, encontramos uma multidão de lagartas voadoras, de cores gloriosas, chamadas borboletas, cada uma delas engalanada com o esplendor das cores do arco-íris… algumas delas velhas amigas da grande e escura lagarta peluda do solo, cada uma delas com um sorriso e alimento abundante, cada uma
delas transformada, com o grande presente do espírito do bosque.
Comentário final do escritor...
Como muitas outras, esta breve parábola sobre uma simples lagarta contém múltiplas mensagens e várias visões do modo como Deus nos trata com amor incondicional. Também fala das nossas mudanças na Terra. Kryon escolhe a lagarta porque todos sabemos, desde crianças, que, na verdade, as lagartas sofrem uma fascinante metamorfose e convertem-se em borboletas voadoras, multicoloridas. É a clássica história, na natureza, do verme feio, gordo e peludo, com muitos pés, que se converte numa formosa borboleta, pacífica voadora. À primeira impressão, afastamo-la com desagrado (e as meninas gritam muito!), mas depois deixamos que poise na nossa mão ou no nosso nariz! Os factos são, portanto, conhecidos por todos, e, assim, a história adquire um significado especial.
Esta parábola fala sobre algo que é real, mas que parece espantoso ou ilógico, quando se analisa com os parâmetros de um intelecto que venera apenas os velhos métodos. Se as lagartas pudessem pensar e ter reuniões, garanto-lhes que algumas delas nunca passariam pela metamorfose! Além disso, dividir-se-iam entre as que fizeram a metamorfose e as que não fizeram. E, como é típico, estas últimas jamais olhariam à sua volta para ver como eram as que tinham passado por essa metamorfose. Isto deve-se a que é típico da natureza humana, entrar num bosque e ficar por lá, funcionando com o mínimo esforço. Mesmo nos sítios mais escuros há resistência à mudança, posto que, por vezes, caímos nos nossos buracos e recorremos aos velhos métodos.
Através do tempo, os velhos métodos passaram a ser sagrados, e as novas alterações parecem blasfémias. A estupidez da lagarta ao recusar transformar-se em borboleta, infelizmente, não é diferente do que nós, Humanos, fazemos todos os dias! Não satisfeitos com recusar simplesmente a mudança espiritual, alguns formam organizações e, de maneira evangelizadora, dizem a todos os que encontram no seu caminho, que os sigam. De certo modo, fortalece-os entrincheirarem-se firmemente, junto de outros com pensamento semelhante – especialmente aqueles que conseguiram convencer. A história está cheia de tragédias de liderança de culto e morte, e continua assim até aos nossos dias.
Quantas pessoas conhecem que recusaram algo novo, sem nenhuma outra razão a não ser que “aquilo que têm já é suficientemente bom?” Mesmo quando se lhes dá presentes, alguns sentem que não os merecem ou, então, que se trata de algum truque. Isto deve-se ao pensamento e à forma de tomar decisões baseadas no medo, que é essencial na velha energia da Terra. No caso da lagarta, esta tinha medo de não poder resolver o seu problema de comida, ao ter que abandonar a sua morada – mesmo que fosse para ver que as lagartas podem voar!
Metaforicamente, esta é uma maneira de dizer que tomamos decisões baseadas no medo, o que nos impede de avançar pela fé, até ao próximo nível de consciência. Alguns de nós nunca nos deslocaremos a uma reunião, a uma loja ou a casa de um amigo, para examinar algo que outra pessoa nos tenha dito ser maravilhoso ou incrível. Dizemos a nós mesmos que não pode ser verdade, e, portanto, não é. Então, mantemos a nossa ideia e permanecemos na obscuridade.
Como é que Deus nos trata quando fazemos isto?
Esta parábola, juntamente com muitas outras que Kryon nos transmitiu, mostra-nos o amor incondicional de Deus. Fala do facto de Deus estar aqui com uma informação maravilhosa e dons de energia na Nova Era, para aqueles que desejam acolhê-los. Os que não desejam, não são julgados, e, melhor ainda, aqueles que decidem não acreditar, não são evangelizados. Vejam que o espírito do bosque, embora conhecesse o pensamento da lagarta, não defendeu os novos dons, nem tentou convencer a lagarta de nada. O espírito do bosque amava simplesmente a lagarta peluda, sem se importar com o que ela fizesse, mesmo tendo-lhe dito a verdade. Da lagarta dependia discernir se essa verdade pertencia à sua vida, ou se ficava com o que funcionava para ela, naquele momento. Acaso se aperceberam de que o espírito do bosque pediu à lagarta que fizesse algo para ir ao encontro da prova? Os velhos métodos não suportam nada assim. Antigamente, as provas vinham sempre até nós. Portanto, a lagarta preferiu não olhar.
Se há alguma coisa triste nesta parábola, é o facto de a lagarta líder ter afectado a vida de muitas
outras, que estavam à sua volta. Deteve o crescimento delas com uma mensagem baseada no medo e evitou que decidissem tomar decisões importantes. Muitas delas, portanto, nunca veriam a luz do Sol, a liberdade e os cumes. Muitas delas seriam arrastadas pelas chuvas que inundariam o solo do bosque, em vez de voarem para o refúgio duma árvore seca.
Kryon disse-nos que estamos perante a maior mudança espiritual que já teve lugar, e que a Terra ressoará com a nossa nova vibração. Olhem à vossa volta. Acreditam que as coisas estão a mudar neste planeta?
Por exemplo:
1) A consciência da Paz. Hoje, onde as antigas Escrituras diziam que os desertos se tornariam vermelhos de sangue, há, ao invés, dois países negociando os direitos das águas. Presos políticos que foram encarcerados por ditaduras, são presidentes dos seus próprios países. O “império do mal” já veio abaixo, faz algum tempo. Apercebem-se disso?
2) Elementos. Acaso têm notado algo diferente nos padrões meteorológicos? Kryon disse-nos que todo o nosso cenário de culturas mudaria. Viram inundações, ultimamente?... Ou condições invernais durante a Primavera?.. Ou grandes ventos soprando a velocidades nunca vistas?... Ou vulcões despertos, que se supunham adormecidos?... Pensem nisso.
3) A frequência da Terra. Sabíeis que a frequência de base da Terra, a chamada Frequência Schumann (FS) foi, durante décadas, de 7.8 ciclos por segundo? Os militares construíram todo o seu sistema de comunicações baseando-se numa FS constante. De repente, a onda deslocou-se para 8.6… e continua a subir.
4) Magnetismo. Sabem que o norte magnético se está a mover?... Sabem que a força do campo magnético da Terra se está a reduzir?... Que significa tudo isto?... Kryon diz-nos que a Terra está a responder ao facto de estarmos a conseguir elevar a vibração do Planeta e que temos novos dons de Deus, que nos ajudam. Que pensam vocês de todos aqueles que ignoram todos estes sinais e se aferram aos velhos métodos, quando à sua volta o planeta está gritando: “AS COISAS ESTÃO A MUDAR”?
A lagarta procedeu assim, e arrastou muitas com ela.
Mnhãm, mnhãm...
PENSEM NISTO!! Que eu também vou pensar ;)
Beijinho doce