A vida num Aquário

A vida num aquário...

Manter um blogue é gratificante na medida em que serve muitas vezes como uma terapia, são momentos de catarse ou simplesmente momentos em que decidimos deitar cá para fora aquilo que nos deixa felizes ou tristes, eufóricos ou angustiados... São momentos de solidão ou são, muitas vezes, momentos de partilha. Não sabemos ao certo quem é que nos vai ler, muito provavelmente ninguém... e então escrevemos para nós próprios, para nos lermos, para nos analisarmos, para nos "ouvirmos"!

Sempre achei que não devia guardar as palavras que gritam no meu pensamento, mas ao longo de muitos anos, tornei-me perita em fazê-lo. Partilhar as nossas vivências acaba por nos expor, acabamos por nos mostrar nus em frente a toda a gente que por aqui decida passar...

Por vezes é este formato de criar e manter um diário, que mais se parece com um aquário moderno em que quem está de fora facilmente não vê a vida do peixinho que ali habita, e como tal, muitas vezes não interpreta bem o que esse peixinho está a tentar dizer... esta analogia surge com a minha vontade de possuir um peixe e de olhar para ele, como todos os outros olham para mim, procurando respostas, tentando encontrar um entendimento para tudo aquilo que é dito/escrito. Vezes há, em que escrevo para destinatários específicos, outras escrevo simplesmente por escrever... porque tenho uma garganta inundada de dor, em que muitas vezes engulo as palavras em seco.

Nem tudo o que aqui escrevo é um retrato fiel dos acontecimentos, nunca ninguém escreve assim a não ser que se trate de uma reportagem. Aquilo que aqui deixo é a minha forma de percepcionar os acontecimentos, escrevo com alma e com coração... não o saberia fazer de outro modo, nem que me obrigassem!

Este peixinho aprendeu a ser fiel a si mesmo, fiel aos seus sentimentos, às suas dores...

Sentir, muitas vezes, que as pessoas perscrutam aquilo que é aqui escrito à espera de encontrar uma falha, um momento que não aconteceu bem assim é trabalho inglório. Existem sempre os dois lados de uma mesma questão e eu não posso senão contar o meu lado, como senti e vivi os momentos que são aqui descritos.

Eu não sou apenas aquilo que escrevo, eu não sou apenas tudo aquilo que aparento, eu não sou, simplesmente, o que vocês teimarem em acreditar que eu sou...

Posso até ser esse peixinho de aquário, constantemente observado...

Posso até muitas vezes falhar ou parecer que falhei, mas só eu, e apenas eu, saberei se essa falha foi necessária!

Só espero que aquelas pessoas por quem eu nutro um carinho muito especial, compreendam que aquilo que eu aqui escrevo é apenas uma extensão daquilo que eu sou, mas que sou muito mais do que isto!