quinta-feira, 4 de março de 2010

Vazia...


Uma letra atrás da outra…
Uma palavra com sentido…
Já não consigo!
O que antes era tão instintivo, hoje teima em não sair…
A caneta já não se esquiva no papel, as frases não se agrupam, nem sequer as ideias se atropelam no pensamento, para saírem umas à frente das outras de tão parcas que estão…
Se calhar já não tenho alma ou forças para lá chegar…
A inspiração deixou-me, como tantas outras coisas que partiram para jamais voltar e sem nada dizer…
Hoje não há promessas, nem vontade de as fazer ou de cumprir…
Os dias seguem-se, uns atrás dos outros, todos iguais e todos diferentes…
A existência já não é simultânea, já não é partilhada, porque assim o inventamos, porque assim o quisemos.
Já não nasce um sorriso ao olhar o passado, a imaginar o futuro…
E o presente, que era suposto ser uma dádiva, dói…
Tento convencer-me de que era para ser assim, que estava escrito assim naquele livro que tu nunca procuraste nem nunca leste.
Já tudo foi dito, já nada existe…
Apenas o silêncio, como se nada tivessemos sido, como se os nossos caminhos nunca se tivessem cruzado, como se as nossas vidas nunca se tivessem tocado…
Entregamo-nos ao tempo… esperamos que ele decida tudo da melhor maneira… ou da única ainda possível!
Amanhã será outro dia, se calhar um outro espaço…
As palavras hão-de sair para dizer tudo aquilo que ainda ficou preso na garganta, como este grito dentro da minha cabeça…
Mas nunca será o dia!
Porque não temos vontade para mais…
Continuarei inventando neste livro que nunca te emprestei…
Afinal já estava escrito assim…
Queria estar contigo e fingir que nada me magoou, que não fazem sentido todos os “não” a que nos agarramos…
Queria estar contigo como estive durante este tempo… toda, como eu sou…
Mas agora só já me restam palavras ocas, vazias de sentido… vazias de mim…
Pouso a caneta e vou…

Sem comentários: